28/05/2014

RESENHA: Roça n' Roll 2014

Nos dias 16 e 17 de maio de 2014 aconteceu a 16ª edição do Roça n’ Roll. Para alguns, este é considerado o maior festival de heavy metal do interior do Brasil. Neste ano, o tão esperado evento contou com aproximadamente 5 mil pessoas, as quais puderam bater muita cabeça no local.

Após a festa de abertura do evento, realizada no Laynkaza Universitário, no dia 16 de maio, com a apresentação das bandas In Rock (Deep Purple Cover), o Cartel, O Tal do Jethro(Jethro Tull Cover) e The Dogs, a Fazenda Estrela abrigou o principal dia do Roça n’ Roll, abrindo os portões já às 13h do sábado e com o primeiro show às 14 horas rolando na Tenda Combate.


A organização do evento, no geral, atendeu às expectativas – a começar pela pontualidade dos shows. Com dois palcos principais alternados (além da Tenda Combate), não era necessária a espera da passagem de som para o início do próximo show, pois, enquanto acontecia a apresentação de uma banda, o outro palco era preparado para a atração musical seguinte – e tudo isso sem qualquer interferência nas apresentações. Ainda quanto ao início dos shows, o único ponto negativo a se ressaltar ocorreu entre as apresentações das bandas Rotting Christ e Korzus, pois um dos palcos foi desmontado no decorrer do show da banda grega de black metal. Tal fato obrigou os presentes, já na madrugada, a aguardarem a passagem de som para assistir ao show do Korzus, afastando os que ali estavam, seja pelo horário, seja pelo cansaço após um longo de dia de shows.

É de se elogiar a grande quantidade de banheiros no local, o que evitou as longas e tediosas filas. Havia, além disso, uma grande quantidade de barracas para a venda de comidas e bebidas – barracas estas que também não formavam filas. Ademais, o preço é considerado aceitável quando comparado a outros festivais do país.
O evento contou também com barracas que comercializavam alguns artigos medievais, com uma apresentação de combate medieval, coma possibilidade de utilização de arco e flecha (acompanhado de um instrutor) e com uma exposição de poesias. Os organizadores aparentam, assim, preocupar-se em atender à grande pluralidade dos roçers, seja quanto ao gosto musical, seja em relação a aspectos culturais.

Às 15h começaram as apresentações nos palcos principais. A abertura dos trabalhos ocorreu com a apresentação da banda de Varginha Silent Hall, que executou algumas faixas do seu EP Gates of Conscience, agitando os bangers que começavam a comparecer à Fazenda Estrela, bem como alguns hinos já consagrados do heavy metal, como The Hellion/Electric Eye, do Judas Priest. Em seguida, foi a vez da também varginhense Made of Stone, que levou ao público um set formado em grande parte pelo seu EP Day After Day.
Após a apresentação da banda de death metal Descerebration, surge a primeira grande surpresa da noite – o show da banda Slippery. Inicialmente escalados para tocar na Tenda Combate, os músicos empolgaram os presentes, naquele horário já em maior número. Combinando hard rock, heavy metal e AOR, os discos First Blow e Follow Your Dreams, além dos covers de Quiet Riot e W.A.S.P. (cantados pelos rockers de maneira vibrante), o Slippery esbanjou maturidade, profissionalismo e técnica em sua apresentação. Uma cartada pra lá de certeira dos organizadores do Roça.

Duas clássicas bandas nacionais deram sequência ao evento mineiro. A primeira delas vem do cenário punk paulistano – a banda Olho Seco. Não raro, eram vistas diversas rodas se formando durante as músicas, em especial durante a faixa que carrega o mesmo nome da banda. A envolvente apresentação da banda paulista foi seguida da excelente banda de heavy metal Centúrias, que tem como destaque o carismático e competente baixista Ricardo Revache. Após os respectivos shows, as bandas permaneceram junto ao público vendendo materiais autorais e pousando para fotos com os fãs.

No Roça também houve a presença da banda de gothic metal de Governador Valadares 
Silent Cry, marcada por execuções arrastadas das músicas, bem como pela combinação de vocal lírico feminino e guturais masculinos. Além de canções já conhecidas pelos fãs, a banda apresentou ao público a música Blue River, que estará presente no trabalho Hypnosis, previsto para ser lançado no segundo semestre de 2014.

Após a apresentação da banda de hard setentista Kappa Krucis, que não chegou a empolgar tanto, subiram ao palco os paulistanos do Project 46, que fizeram talvez o melhor show da noite. A começar pelo enérgico e interativo vocalista Caio MacBeserra, que se comunicava o tempo todo com o público, ajudando a formar, mais ao fim do show, um grandioso Wall of Death. Além disso, as músicas cantadas em português, bem como a temática das letras (que retratam bem o caos sociopolítico do país), aliada sao som pra lá de pesado dos instrumentos, acabaram por injetar muita energia nos bangers.

Contrastando com o pulsante e agressivo som da Project 46, foi a vez do Tuatha de Danann. A banda de celtic folk metal é pra lá de conhecida e querida no festival. Com instrumentistas competentes, músicas bem executadas e uma sonoridade ímpar, os integrantes criaram um ambiente extremamente agradável. O destaque foi para a música Finganforn.

A atração mais esperada da noite – a banda Angra – subiu ao palco com certo atraso. Em turnê comemorativa de 20 anos do álbum Angels Cry e trazendo à frente dos vocais o simpático italiano Fabio Lione, a banda não empolgou tanto quanto se esperava. Muito embora as músicas possuíssem boa execução e não faltasse interação entre o vocalista (que se arriscava no português entre uma música e outra) e o público, talvez o início do cansaço da plateia, aliado a alguns problemas na equalização do som, tenha comprometido em certo grau a identificação entre público e banda.

Ainda houve espaço para a banda juiz-forana de hard rock Glitter Magic e para os gregos do Rotting Christ. Os primeiros, que já se apresentaram no festival em 2013, retornaram com um show ainda melhor, trazendo, além de seus sons autorais, os covers de War Pigs e Sad But True. Os segundos – também headliners do evento e a única atração internacional da noite – trouxeram um som direto, abusando de efeitos e criando uma atmosfera sombria e pesada para a madrugada na Fazenda Estrela. 

Como não ocorreu revezamento de palcos após o show da banda Rotting Christ (como já descrito no início da matéria), após um intervalo de mais de meia hora, iniciou-se por volta das 4h30 da manhã o último show da noite. A banda Korzus, destacando em sua apresentação tracks dos álbuns Discipline of Hate e Ties Of Blood, conseguiu injetar grandes doses de ânimo e energia no público ainda presente no evento e que ali permaneceu apenas por causa da banda e de seu autêntico thrash metal. A banda ainda conseguiu instigar os “sobreviventes” a fazerem um Wall of Death. Neste momento, o vocalista Pompeu bradava palavras de indignação com a situação do país, o que aumentou ainda mais os ânimos daqueles que participaram do Wall Of Death. O show e o festival foram encerrados com a clássica “Guerreiros do Metal”.

O festival vem mantendo a sua força e tradição a cada ano. Com uma proposta própria e pra lá de interessante de organizar um festival em uma fazenda, além de abrir espaço para ótimas bandas do cenário nacional, o Roça n’Roll vem se firmando no calendário nacional, sendo uma imperdível pedida para aqueles que ainda não o conhecem. Os organizadores estão de parabéns, devendo, apenas, repensar a possibilidade de dividir melhor as atrações nos dois dias do evento, o que permitiria ao público curtir melhor e com mais energia as atrações. Afinal, as quase quinze horas de shows, aliadas à queda de temperatura (que se acentua na madrugada), certamente interfere, em alguma medida, na qualidade do divertimento dos roçers. 
 (Resenha: Diogo Maciel / Revisão: Natália Superbi/ Fotos: Paty Freitas)



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